De tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa retina é como um vazio.
Você sai todo o dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.
Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima ideia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser que também ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.
Uma criança vê o que um adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeia vez o que de tão visto, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isto existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos. È por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.
De: Otto Lara Rezende
quarta-feira, 9 de março de 2011
segunda-feira, 7 de março de 2011
Isso é história
TEM DÓ, SEU JUIZ
Em 1954 o mundo médico descobriu revolucionárias drogas contra a ansiedade. Por outro lado, os brasileiros nunca foram tão ansiosos quanto no dia do concurso Miss Universo daquele ano, quando a favorita Martha Rocha perdeu para a americana Miriam Stevenson pelas famosas duas polegadas a mais. Já tínhamos sido derrotados na Copa do Mundo quatro anos antes, e o segundo lugar de Martha nos abateu a alma. A história virou marchinha de carnaval: "São 2 polegadas/ Tem dó seu juiz". Em 1954 o Brasil ensaiava os passos da modernidade: em São Paulo celebrava-se o IV Centenário, e nas ruas já circulavam os primeiros Fuscas, que começaram a ser montados por aqui em 1953.
******************
Nos anos 1950, Marlon Brando vira sex symbol, em UM BONDE CHAMADO DESEJO, enquanto Marilyn Monroe seduz em OS HOMENS PREFEREM AS LOURAS. No Brasil, Eliana é a mocinha das chanchadas da Atlântida, Maysa canta a Fossa e Maria Ester Bueno é a grande campeã do Tênis. As vedetes gritavam OBA nos Palcos.
******************
COMÉDIA HUMANA
* O que a medicina e a literatura têm em comum? Para o sanitarista e escritor Moacyr Scliar, ambas tratam sobre a condição humana. E é exatamente sobre assuntos que fazem parte do cotidiano dos médicos que ele trata na série de crônicas reunidas no livro O olhar médico - crônicas de medicina e saúde (184 págs.,), lançado pela editora Ágora. Apesar de tratar de temas sérios, como alcoolismo e hipocondria, Scliar imprime em seus textos um estilo leve e bem humorado, sempre em tom de conversa com seu leitor. Esclarecedor para leigos e delicioso para os médicos. O olhar médico é literatura e medicina de primeira qualidade.
NOVA ERA
A década de 1960 marcou a época dos psicotrópicos e tranquilizantes com o lançamento dos benzodiazepínicos.
Na verdade, os primeiros medicamentos específicos contra as chamadas doenças afetivas (depressão, síndrome do pânico etc.) foram os compostos de lítio, em 1949.
Antes, os únicos medicamentos disponíveis do gênero eram os barbitúricos, utilizados desde 1903. Mas foi nos anos 1950 que a psiquiatria seria revolucionada com a descoberta de quatro novas drogas, dentre elas o primeiro benzodiazapínico a ser comercializado, em 1959, por Stenbach. Foi a partir dessa década que começaria a "medicalização" da psiquiatria.
VOCÊ DORME BEM ?
Diálogo Médico - Kathia Natalie e Cristina Ramalho
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Em 1954 o mundo médico descobriu revolucionárias drogas contra a ansiedade. Por outro lado, os brasileiros nunca foram tão ansiosos quanto no dia do concurso Miss Universo daquele ano, quando a favorita Martha Rocha perdeu para a americana Miriam Stevenson pelas famosas duas polegadas a mais. Já tínhamos sido derrotados na Copa do Mundo quatro anos antes, e o segundo lugar de Martha nos abateu a alma. A história virou marchinha de carnaval: "São 2 polegadas/ Tem dó seu juiz". Em 1954 o Brasil ensaiava os passos da modernidade: em São Paulo celebrava-se o IV Centenário, e nas ruas já circulavam os primeiros Fuscas, que começaram a ser montados por aqui em 1953.
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Nos anos 1950, Marlon Brando vira sex symbol, em UM BONDE CHAMADO DESEJO, enquanto Marilyn Monroe seduz em OS HOMENS PREFEREM AS LOURAS. No Brasil, Eliana é a mocinha das chanchadas da Atlântida, Maysa canta a Fossa e Maria Ester Bueno é a grande campeã do Tênis. As vedetes gritavam OBA nos Palcos.
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COMÉDIA HUMANA
* O que a medicina e a literatura têm em comum? Para o sanitarista e escritor Moacyr Scliar, ambas tratam sobre a condição humana. E é exatamente sobre assuntos que fazem parte do cotidiano dos médicos que ele trata na série de crônicas reunidas no livro O olhar médico - crônicas de medicina e saúde (184 págs.,), lançado pela editora Ágora. Apesar de tratar de temas sérios, como alcoolismo e hipocondria, Scliar imprime em seus textos um estilo leve e bem humorado, sempre em tom de conversa com seu leitor. Esclarecedor para leigos e delicioso para os médicos. O olhar médico é literatura e medicina de primeira qualidade.
NOVA ERA
A década de 1960 marcou a época dos psicotrópicos e tranquilizantes com o lançamento dos benzodiazepínicos.
Na verdade, os primeiros medicamentos específicos contra as chamadas doenças afetivas (depressão, síndrome do pânico etc.) foram os compostos de lítio, em 1949.
Antes, os únicos medicamentos disponíveis do gênero eram os barbitúricos, utilizados desde 1903. Mas foi nos anos 1950 que a psiquiatria seria revolucionada com a descoberta de quatro novas drogas, dentre elas o primeiro benzodiazapínico a ser comercializado, em 1959, por Stenbach. Foi a partir dessa década que começaria a "medicalização" da psiquiatria.
VOCÊ DORME BEM ?
Diálogo Médico - Kathia Natalie e Cristina Ramalho
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quinta-feira, 3 de março de 2011
PEDRO MALASARTES
O herói preferido da gente simples, que adora suas artes, quase sempre contra os mais ricos e poderosos. Tradicionalmente esperto, escorregadio, pai de todas as artimanhas, enganos, seduções e astúcias, é de ver como o homem do povo, simples, crédulo e humilde, adora ouvir suas histórias.
Vinga-se o popular da sua posição subalterna vendo o personagem sair sempre ganhando, por sua astúcia e por suas artes, dos que lhe são superiores. Uma espécie de Robin Hood sem armas.
Não é uma criação brasileira, apesar de estar espalhada por todo o Brasil. É personagem universal, praticamente de todos os países, em todas as épocas.
Há até versões ambiciosas, literárias e intelectuais, como, por exemplo, o Pedro de Urdemalas, de Cervantes.
É interessante a origem do primeiro nome do personagem: segundo Câmara Cascudo, o nome "de Pedro se associa ao apóstolo São Pedro com anedotário de habilidade, impertubável, nem sempre própria do seu estado e título. Na Itália, França, Espanha e Portugal, São Pedro aparece como simplório, bonachão, mas cheio de manhas e cálculo, vencendo infalivelmente".
Um estudioso reuniu 318 histórias e variantes com o personagem, mas este número pode ser infindo, pois sempre que se conta uma história aparece mais adiante como "mais uma do Pedro Malasartes.
* Cascudo, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro.
Rio de Janeiro. Ediouro, 1972.
Vinga-se o popular da sua posição subalterna vendo o personagem sair sempre ganhando, por sua astúcia e por suas artes, dos que lhe são superiores. Uma espécie de Robin Hood sem armas.
Não é uma criação brasileira, apesar de estar espalhada por todo o Brasil. É personagem universal, praticamente de todos os países, em todas as épocas.
Há até versões ambiciosas, literárias e intelectuais, como, por exemplo, o Pedro de Urdemalas, de Cervantes.
É interessante a origem do primeiro nome do personagem: segundo Câmara Cascudo, o nome "de Pedro se associa ao apóstolo São Pedro com anedotário de habilidade, impertubável, nem sempre própria do seu estado e título. Na Itália, França, Espanha e Portugal, São Pedro aparece como simplório, bonachão, mas cheio de manhas e cálculo, vencendo infalivelmente".
Um estudioso reuniu 318 histórias e variantes com o personagem, mas este número pode ser infindo, pois sempre que se conta uma história aparece mais adiante como "mais uma do Pedro Malasartes.
* Cascudo, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro.
Rio de Janeiro. Ediouro, 1972.
IMAGENS
COLÉGIO SANTA RITA
AREIA - PB
Biblioteca Comunitária
Teixeira /PB
Inauguração da Biblioteca Comunitária
Teixeira /PB
AREIA - PB
Biblioteca Comunitária
Teixeira /PB
Inauguração da Biblioteca Comunitária
Teixeira /PB
O SEXTO DEGRAU
São seis décadas de vida
vivendo da descoberta
de um mundo que nos oferta
um tropel de dura lida,
mas é oportunidade
na busca de liberdade,
arriscando a consciência
de muitos objetivos
nos caminhos impulsivos
de ardor e turbulência.
Sessenta marços passados
sob sóis muito escaldantes,
sob luas cintilantes
entre parentes amados,
entre amigos valorosos
nos momentos calorosos
de amizade verdadeira,
com emoções , sentimentos,
conquistas, conhecimentos,
para elevar a carreira.
São seis fases diferentes
percorrendo mil recantos,
vivendo risos ou prantos,
desafiando batentes
que o mundo imprevisível
faz sofre o ser sensível;
mas também compreender
que o mesmo sofrimento
é sinal de crescimento
na fortaleza do ser.
São decênios bem traçados
por lutas, por decisões,
por caminhos variados.
Sessenta provas constantes
com fases gratificantes
da batalha que enternece
nosso solo de esperança,
acalentando a criança
com amor que não perece.
Sessenta anos de vida:
dez anos de descoberta,
mais dez de conhecimento
quando bem a gente acerta.
Dez de muito aprendizado,
de percalços, apreensão;
outros dez de redobrado
espírito na profissão.
Dez nascendo e renascendo.
Dez a Deus agradecendo.
Magna Celi Meira de Souza
Encontro com contemporâneas do Colégio Santa Rita -
Areia ,PB
vivendo da descoberta
de um mundo que nos oferta
um tropel de dura lida,
mas é oportunidade
na busca de liberdade,
arriscando a consciência
de muitos objetivos
nos caminhos impulsivos
de ardor e turbulência.
Sessenta marços passados
sob sóis muito escaldantes,
sob luas cintilantes
entre parentes amados,
entre amigos valorosos
nos momentos calorosos
de amizade verdadeira,
com emoções , sentimentos,
conquistas, conhecimentos,
para elevar a carreira.
São seis fases diferentes
percorrendo mil recantos,
vivendo risos ou prantos,
desafiando batentes
que o mundo imprevisível
faz sofre o ser sensível;
mas também compreender
que o mesmo sofrimento
é sinal de crescimento
na fortaleza do ser.
São decênios bem traçados
por lutas, por decisões,
por caminhos variados.
Sessenta provas constantes
com fases gratificantes
da batalha que enternece
nosso solo de esperança,
acalentando a criança
com amor que não perece.
Sessenta anos de vida:
dez anos de descoberta,
mais dez de conhecimento
quando bem a gente acerta.
Dez de muito aprendizado,
de percalços, apreensão;
outros dez de redobrado
espírito na profissão.
Dez nascendo e renascendo.
Dez a Deus agradecendo.
Magna Celi Meira de Souza
Encontro com contemporâneas do Colégio Santa Rita -
Areia ,PB
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